O jornal paulista informa que "Léo Pinheiro, só passou a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista, antes porém Léo Pinheiro havia inocentado Lula por diversas vezes e mostrado que jamais havia pago qualquer centavo de propina ao ex-presidente.
Em um trecho no mínimo estranho o procurador Januário Paludo, acusado de ser operador de propina dentro da lava jato, do doleiro Dario Messer por meio do advogado Figueiredo Basto, insinua que é necessário prender Léo Pinheiro para que ele fale a narrativa dos procuradores.
Januário Paludo – 12:21:54 “Acho que tem que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco.”
A frase do procurador da República Januário Paludo, resume o espírito que marcou mais de um ano de “negociações” entre a PGR: só haveria benefícios para “o empreiteiro com mais prova contra si” José Ademário, aliás Leo Pinheiro, da OAS se este "entregasse” o ex-presidente Lula, caso Léo não operasse a narrativa dos procuradores, seria preso.
A reportagem do site 247 lembra que Léo Pinheiro só apresentou a versão usada para condenar Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato, ou seja, teve suficiente para moldar e modificar seu depoimento de acordo com a versão sugerida pelos Golden Boys de Curitiba.
Os diálogos examinados pela Folha e pelo Intercept Brasil ajudam a entender por que as negociações da delação da empreiteira, até hoje não concluídas, foram tão acidentadas e conflituosas, além do mais as conversas entre os procuradores sugerem que o depoimento forjado de Léo Pinheiro sobre Lula e o tríplex foi decisivo para que os procuradores voltassem a conversar com Pinheiro, meses depois de rejeitar sua primeira proposta de acordo. Ou seja: Léo Pinheiro foi levado a incriminar Lula para ter sua delação aceita.
O procurador Deltan Dallagnol tentou manter as aparências, depois que o empresário Léo Pinheiro, da OAS, mudou sua versão várias vezes para entregar um depoimento contra o ex-presidente Lula, a revista VEJA na época, foi a primeira a noticiar uma suposta conta clandestina em favor de Lula, depois comprovadamente desmentida pelas conversas dos procuradores.
20 de abril 2016
Januário Paludo – 12:21:54 Acho que tem que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco. Quer dizer, acho que tem que deixar o TRF prender.
Depois de meses dessa frase de Januário Paludo, a OAS apresenta uma nova versão, Léo Pinheiro está disposto a dizer: que haveria uma “conta” clandestina em favor de Lula, versão mantida que foi até o final como justificativa da suposta vinculação do triplex do Guarujá com os contratos da Petrobras, algo que jamais foi mencionado nas conversas entre a OAS e os procuradores, os próprios procuradores alegavam entre si que não existia a conta clandestina em favor de Lula:
26 de agosto de 2016
Anna Carolina (Garcia) 19:52:11 – Tinha isso de conta clandestina de Lula?
Anna Carolina (Garcia) 19:52:19- Esses Advs não valem nada
Jerusa(Viecili) 19:53:02 – Não que eu lembre
Ronaldo ( Queiroz) 20:45:40 – Também não lembro. Creio que não há.
Sérgio Bruno ( Cabral Fernandes) 21:01:10 Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guaruja. Diziam q não tinha crime. Nunca falaram de conta.
27 de agosto de 2016
Anna Carolina 08:00:43 - Li a reportagem [Revista Veja] e ela tenho quase certeza q ela está fidedigna. Só não achei a parte da conta. Talvez tenha sido mais um estelionato contra o leitor. Tá no título mas não está no conteúdo
Jerusa 08:01:59 -Foi o que pensei tb. Pq nao houve mencao a essa conta
A “plantação” de suspeitas através de vazamentos era, para alguns procuradores, “uma estratégia dos advogados para despertar interesse pela proposta e torná-la irrecusável para o Ministério Público”. Outro tiro que saiu pela culatra teria sido o pagamento de propina, na forma de obras de impermeabilização em sua casa, do ministro do STF Dias Toffoli. Como não havia materialidade alguma no que os advogados de Léo Pinheiro traziam aos procuradores, durante mais de um ano as conversas não renderam acordo formal mas, afinal, com a alegação das reformas e de um suposto pedido de destruição de provas, a promessa de um, assim mesmo com muita prudência, para não evidenciar a barganha obtida com ele, Dallagnol comenta então com os procuradores sobre a delação de Léo Pinheiro, sugerindo que não pode parecer que o empreiteiro conseguiu um prêmio pela condenação de Lula, algo que estava evidente para toda a sociedade naquele momento. Léo Pinheiro foi preso em setembro de 2016 e as negociações ficaram congeladas até 2017, quando ele incriminou Lula ao depor no processo sobre o triplex de Guarujá que a OAS diz ter reformado para o petista com recursos da conta clandestina em favor de Lula , mas não havia menção a Petrobras, isso foi inclusive exposto pelo próprio juiz Sérgio Moro em sua sentença condenatória de Lula “Este juízo jamais afirmou na sentença, ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente”.
Mas voltando ao caso da delação forjada de Léo Pinheiro, diante da nova versão apresentada pelo presidente da OAS, os procuradores voltaram então a conversar com ele, mas ainda tinham muitas desconfianças.
13 de Julho de 2017
Deltan (Dallagnol)-17:10:32 -Caros, acordo do OAS, é um ponto pensar no timing do acordo com o Léo Pinheiro. Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula.
Embora Dallagnol e Moro parecerem estarem sofrendo de alguma amnésia oportuna, o Jornal Correio braziliense conseguiu falar com um dos procuradores que estava no grupo em que ocorreram as conversas, sob a condição de anonimato, o procurador afirmou que os trechos divulgados são verdadeiros. “Me recordo dos diálogos com os procuradores apontados pelo site".
O integrante do Ministério Público Federal (MPF) também declarou ao editorial brasiliense que conseguiu recuperar parte do conteúdo. "Consegui recuperar alguns arquivos no celular. Percebi que os trechos divulgados não são de diálogos completos. Tem mensagens anteriores e posteriores às que foram publicadas. No entanto, realmente ocorreram".
Estranhamente Dallagnol e Moro negam que ainda possuam as mensagens e que seria impossível a recuperação das mesmas por parte do Telegram, algo que como vimos parece facilmente possível, o que fica provado na verdade é que de fatos os diálogos ocorreram e que Lula foi alvo de uma armação de Dallagnol e Moro, mas o principal ponto dessa reportagem e que não pode ser desprezado é que a Folha provou a inocência de Lula e que a lava jato plantou provas contra o ex-presidente por meio da falsa delação de Léo Pinheiro.
Texto: Pedro Oliveira
Informações: Site 247, Folha de São Paulo, Revista Veja, DCM e Correio Braziliense
Edição: Ana Fernandes
Colaboração: Selena Martines
